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Joaquim Arcoverde

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Joaquim Arcoverde
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
Atividade Eclesiástica
DioceseArquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Nomeação31 de agosto de 1897
PredecessorDom João Fernando Tiago Esberard
SucessorDom Sebastião Leme Cardeal da Silveira Cintra
Mandato1897 - 1930
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral4 de abril de 1874
Arquibasílica de São João Latrão
Nomeação episcopal26 de junho de 1890
Ordenação episcopal26 de outubro de 1890
Vaticano
por Dom Mariano CardealRampolla del Tindaro
Nomeado arcebispo24 de agosto de 1897
Cardinalato
Criação11 de dezembro de 1905
por Papa Pio X
OrdemCardeal-presbítero
TítuloSão Bonifácio e Santo Aleixo
Brasão
CardinalPallium PioM.svg
LemaDOMINI FORTITUDO NOSTRA
A nossa força é do Senhor
Dados pessoais
NascimentoFlag of Empire of Brazil (1870-1889).svg CimbresPernambuco
17 de janeiro de 1850
MorteRio de JaneiroRio de Janeiro
18 de abril de 1930 (80 anos)
Nacionalidadebrasileiro
FiliaçãoPai:Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti
Mãe:Marcelina Dorotéia de Albuquerque Cavalcanti
Funções exercidasBispo de Goiás (1890-1891)
Bispo-auxiliar de São Paulo(1892-1894)
Bispo de São Paulo (1894-1897)
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo
Brasão de armas do Cardeal Arcoverde
Brasão de armas do Cardeal Arcoverde localizado no tímpano do Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, obra do escultor e gravador italiano Aurelio Mistruzzi.
Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde (Cimbres17 de janeiro de 1850 — Rio de Janeiro18 de abril de 1930), foi um sacerdote católico brasileiro, primeiro a ser elevado ao título e dignidade de cardeal na América Latina.[1]
Foi reitor do Seminário de Olinda; décimo bispo nomeado de Goiás; décimo bispo de São Paulo; e décimo-terceiro bispo e segundo arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Cimbres, no sítio Olho D'água dos Bredos, atual município de Arcoverde, no estado de Pernambuco, e era filho de Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti e de Marcelina Dorotéia de Albuquerque Cavalcanti. Faleceu aos oitenta anos, na cidade do Rio de Janeiro, como seu arcebispo, estando sepultado na catedral metropolitana daquela cidade.
Aos 13 anos, entrou para o Seminário Menor de Cajazeiras, na Paraíba[3]. Aos 16 anos, em 1866, seguiu para Roma, onde cursou Ciências e LetrasFilosofiaTeologia, tendo concluído seus estudos no Pontifício Colégio Pio Latino Americano[3].

Registro de batismo.[editar | editar código-fonte]

"Aos vinte de janeiro de mil oitocentos e sessenta e nove, de minha licença o Reverendíssimo Franciscano frei Claudino da Sacra Família, na Capela de Olho d'Água dos Bredos, filial d'esta freguesia, batizou e pôs os Santos óleos = á JOAQUIM = branco, com idade de dois dias, filho legitimo de Antonio Francisco de Albuquerque Budá e de sua mulher D. Marcolina Dodothéa de Albuquerque; padrinhos: Leonardo Pacheco Couto e Anna Antônia Cordeiro. E para constar fiz-se este assento em que assino. O vigário Firmino José de Figueiredo."[4]
Observações:

Ascendência[editar | editar código-fonte]

Descendia dos Cavalcanti de Florença e de Jerônimo de Albuquerque, cunhado do primeiro senhor de Pernambuco, que se unira à filha do chefe tupi Arcoverde, da tribo dos tabajaras.[5]

Presbiterado[editar | editar código-fonte]

Foi ordenado sacerdote a 4 de abril de 1874, na Arquibasílica de São João Latrão[3][6]. Por dois anos permaneceu estudando em Paris, regressando ao Brasil, em 1876, quando o bispo de OlindaDom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, o incumbiu de estrutura o Seminário, no qual foi professor de Filosofia e reitor[3]. Foi também pároco nos bairros recifenses da Boa Vista e Corpo Santo, e em Cimbres, hoje distrito de Pesqueira, em Pernambuco, onde celebrou sua primeira missa. Foi professor de francês no Recife e diretor do Colégio Pernambucano. Em 1888Dom Pedro II o indicou para bispo auxiliar da Bahia, nomeação que não aceitou[3].

Episcopado[editar | editar código-fonte]

No dia 26 de junho de 1890, aos 40 anos, em virtude do regime do padroado, foi indicado bispo de Goiás[3][6], o que foi confirmado pelo Papa Leão XIII.
Foi sagrado bispo, em Roma, no dia 26 de outubro de 1890, pelas mãos de S. Ema. Revma. Mariano Cardeal Rampolla del Tindarosecretário de Estado da Santa Sé, sendo consagrantes: S. Ema. Revma: Domenico Cardeal Ferrata, secretário da extinta Congregação de Negócios Eclesiásticos Extraordinários; e Dom Antônio de Macedo Costa, então Arcebispo de Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Renunciou ao cargo, no dia seguinte à sua sagração.
Transferiu-se para Itu, em São Paulo, onde passou a lecionar no Colégio São Luís, de propriedade dos jesuítas, que haviam voltado ao Brasil.
Em 26 de agosto de 1892, foi designado bispo auxiliar de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, arcebispo de São Paulo, que se encontrava doente. Recebeu a sé titular de Argos[desambiguação necessária][3][6]. Nesta função, foi incumbido de ir pessoalmente à Europa para contatar as congregações religiosas que deveriam vir ao Brasil para ações missionárias e de educação, quais foram: redentoristaslazaristas e premonstratenses. Aos últimos foi confiado o Santuário de Bom Jesus e o Seminário do clero secular, na cidade paulista de Pirapora do Bom Jesus.
Em 19 de agosto de 1894, estando em Paris, recebe a notícia do falecimento de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, e também é nomeado seu sucessor. A 30 de setembro do mesmo ano toma posse como décimo bispo de São Paulo[3][6].
24 de agosto de 1897, é elevado, pelo Papa Leão XIII, a arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, tomando posse a 31 de agosto de 1897[3][6].

Cardinalato[editar | editar código-fonte]

Dom Joaquim Arcoverde, 1929
No Consistório do dia 11 de dezembro de 1905, presidido pelo Papa São Pio X, na Basílica de São Pedro, o criou Cardeal-presbítero, do título de São Bonifácio e Santo Aleixo. Tornou-se , pois, o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina[3][6].

Brasão e lema[editar | editar código-fonte]

Descrição: Escudo eclesiástico, esquartelado. O 1º de blau, com uma torre de jalde, firmada num contra-chefe diminuto de sable, tendo em chefe uma Hóstia de argente, carregada das letras IHS de sable. O 2º e o 3º de sinopla, com cinco flores-de-lis de jalde, postas em sautor – armas modificadas da família Albuquerque. O 4º de argente, mantelado de goles semeado de quadrifólios do primeiro esmalte (argente) e uma asna de blau brocante sobre o traço do mantelado – Armas da família Cavalcanti. O escudo assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de ouro, entre uma mitra de prata adornada de ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, a senestra, para onde se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde. Brocante sob a ponta da cruz um listel de blau com a legenda: DOMINI FORTITUDO NOSTRA, em letras de jalde.
  • Mais tarde, quando arcebispo, foram-lhe acrescentados: mais quatro borlas verdes em cada cordão, o pálio e mais um traço na cruz.
  • Quando foi criado cardeal, o chapéu eclesiástico foi substituído por outro, com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, tudo de vermelho
Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. O 1º campo, de blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima sob cuja proteção o Cardeal pôs toda a sua vida sacerdotal, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A torre representa a Igreja, sendo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio; esta é a Igreja que está edificada sobre São Pedro e seus sucessores, representados pela rocha de sable (negro), esmalte que simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência ao Sucessor de Pedro. A Hóstia representa Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor supremo da Igreja e da história, sendo de argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência. As letras IHS (IESUS HOMINUM SALVATOR) são a expressão do reconhecimento de Jesus Cristo como único salvador da humanidade. O 2º, o 3º e o 4º campos representam as armas familiares do bispo, originário da nobreza lusitana. Sendo que o 2º e o 3º foram tomados das armas antigas dos Albuquerques, permutando-se a cor goles (vermelha) do campo por sinopla (verde), numa referência ao nome "Arcoverde" do prelado, sendo que esta cor simboliza esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade. O 4º representa as armas da família Cavalcanti, sendo que a cor goles (vermelho) nele presente simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do bispo, bem como valor e socorro aos necessitados. O lema traduz a solidez da fé do cardeal : "De Deus (vem ou é) a nossa fortaleza".

Atividade e contribuições[editar | editar código-fonte]

Mesmo tendo sido curto o período em que exerceu o episcopado em São Paulo, o Cardeal Arcoverde teve importante atuação no sentido de superar os atritos com o novo regime republicano, principalmente no que se referia à extinção do ensino religioso nas escolas públicas. Foi ele quem fundou a Federação das Associações Católicas. Durante o seu governo foram iniciadas a construção de diversas igrejas tradicionais de São Paulo, como a de Bom Jesus, no bairro do Brás. Também foi ele quem criou a Paróquia de Santa Cecília, nomeando seu primeiro pároco o Padre Duarte Leopoldo e Silva, futuro primeiro arcebispo de São Paulo.

Diocese de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Ordenações episcopais[editar | editar código-fonte]

O Cardeal Arcoverde foi o principal sagrante dos seguintes bispos:
Foi co-celebrante da sagração episcopal de:

Morte[editar | editar código-fonte]

O cardeal, no seu velório.
Visita do presidente.
O Cardeal passou muitos anos afastado de suas funções prelatícias, em razão da saúde; quando morreu, na Sexta-feira Santa de 1930, era ainda o único cardeal da igreja latino-americana, e ainda enchia a imprensa brasileira de esperanças de que dentro dos próximos cinquenta anos o país, maior nação católica fora da Europa, fizesse um Papa, cabendo ao país o principado da igreja no continente.[5]
Recebeu as honras fúnebres que o cerimonial de governo reserva aos vice-presidentes da república, acompanhando o próprio presidente Washington Luís as homenagens póstumas então prestadas.[5]
Seu caixão, puxado em carro fúnebre por vários sacerdotes, percorreu as ruas do Rio de Janeiro tendo à frente do cortejo o arcebispo D. Sebastião Leme,[5] que em junho viria a ser ele próprio nomeado por Pio XI para o cardinalato, o segundo do Brasil.[7]
Com a presença do corpo diplomático, autoridades, e um grupo de bispos do país D. Arcoverde foi sepultado na Catedral Metropolitana.[8]

Conclaves[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons possui uma categoriacontendo imagens e outros ficheiros sobre Joaquim Arcoverde

Referências

  1. Ir para cima Joaquim Arcoverde, pag. 149 - Grande Enciclopédia Universal - edição de 1980 - ed. Amazonas
  2. Ir para cima «Cardeal Arcoverde: quem foi?». Estadão.com.br. Consultado em 18 de janeiro de 2014
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j The Cardinals of the Holy Roman Church (em inglês)
  4. Ir para cima Livro de Batismos [1863-1870], Matriz de Cimbres – PE. Fls. 161, S/n.
  5. ↑ Ir para:a b c d Redação (29 de abril de 1930). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «O Primeiro Cardeal da Igreja Brasileira». Rio de Janeiro. O Cruzeiro (nº 77, ano 2): pág. 4-6 (6-8)
  6. ↑ Ir para:a b c d e f Perfil em Catholic Hierarchy (em inglês)
  7. Ir para cima Redação (14 de junho de 1930). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «O 2º Cardeal Brasileiro». Rio de Janeiro. O Cruzeiro (nº 84, ano 2): pág. 5
  8. Ir para cima Redação (3 de maio de 1930). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «O enterro na catedral do cardeal Arcoverde». Rio de Janeiro. O Cruzeiro (nº 78, ano 2): pág. 4
Precedido por
Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão
Brasão episcopal.
Bispo de Goiás

1890 (renunciou, não tomou posse)
Sucedido por
Eduardo Duarte e Silva
Precedido por
Lino Deodato Rodrigues de Carvalho
Brasão episcopal.
Bispo de São Paulo

1894-1897
Sucedido por
Antônio Cândido Alvarenga
Precedido por
João Fernando Tiago Esberard
brasão episcopal.
Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro

1897-1930
Sucedido por
Sebastião Leme da Silveira Cintra
Precedido por
Sebastián Herrero Espinosa de los Monteros
Brasão arquiepiscopal
Cardeal-presbítero de Ss. Bonifacio ed Alessio

1905-1930
Sucedido por
Sebastião Leme da Silveira Cintra

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